O Ensino
Estratégia de Ensino O projeto deve viabilizar a inserção dos alunos no sistema prestador de serviços de saúde, em um processo participativo que se desenvolve em forma de espiral, levando-os à prática de ações de promoção e vigilância da saúde, de atenção à demanda espontânea e desenvolvimento de ações programáticas, de identificação de indicadores sentinelas nas diferentes micro-regiões abordadas e construção de um efetivo sistema de informações que viabilize o planejamento das ações globais. Participando do processo em diferentes momentos do curso, o aluno poderá observar e interferir em diferentes níveis de complexidade do problema e com diferentes enfoques. O sistema municipal de saúde divide Goiânia em nove regiões, constituídas por 11 Distritos Sanitários. A Faculdade de Medicina já está associada à Secretaria Municipal de Saúde nas atividades desenvolvidas no Distrito Sanitário Leste, devendo a proposta de trabalho até então desenvolvida se ajustar ao preceituado no presente projeto, que visa atuar também no Distrito Sanitário Sudoeste. A distribuição dos alunos nas atividades de campo será feita paulatinamente, iniciando-se pelos 110 alunos que ingressarem na escola no ano 2003, alocados entre os distritos sanitários Sudoeste e Leste. A coordenação das atividades do projeto em cada distrito sanitário deve ser feita de forma integrada entre um docente do curso e os tutores selecionados dentre os profissionais que ali prestam seus serviços. A adesão dos profissionais da rede ao esquema de tutoria deve ser espontânea, obedecendo, entretanto, a alguns critérios definidos em conjunto pelas instituições proponentes da ação. Uma carga horária mínima de 180 horas anuais por aluno deve garantir sua permanência em campo por tempo suficiente para o desempenho das atividades que lhe forem adscritas. O médico de cada equipe de família deve se responsabilizar pela tutoria de seis alunos, que desenvolverão suas atividades em forma integrada com os agentes de saúde e demais profissionais. Um segundo nível de supervisão se dá em cada uma das unidades de atenção básica de saúde da família (UABSF) consolidando-se a seguir na unidade administrativa de cada um dos distritos sanitários. Quando o aluno desempenhar atividades nos centros de saúde de maior porte deve ser assistido por um tutor local. Em cada nível de complexidade das ações deve ser estimulada a instalação de conselhos comunitários, cuja avaliação deve retroalimentar o processo, por sua vez avaliado em colegiado composto por docentes e profissionais da rede, assistidos pela equipe coordenadora do projeto. Cortes transversais de avaliação devem ser feitos nas atividades coletivas, envolvendo toda a escola, a rede e profissionais afins em work-days que oportunizem a transferência de informações entre os grupos, apresentação de resultados e divulgação dos relatórios de atividades. Apresentados em forma de artigo científico, os resultados parciais devem ser consolidados em momentos posteriores, viabilizando a atualização permanente do sistema de informação. Desta forma, cada ação se caracteriza como um projeto que se inicia pela proposta e termina com a análise dos resultados do trabalho desenvolvido e sugestão para sua continuidade. O envolvimento dos alunos nas unidades de saúde deve visar a organização dos serviços, atividades de controle, avaliação e planejamento, além de os aproximar das atividades clínicas através da pré-consulta e da pós-consulta; manutenção de arquivo nosológico; vigilância epidemiológica e sanitária. A manutenção dos sistemas de informação em base de dados deve ser feita sistematicamente, cotejando os achados com as informações advindas das ações extra-muros e com os bancos de dados regionais, nacional e internacionais. A disciplina Saúde Coletiva, nas suas diferentes abordagens, deve ser um dos eixos integradores das atividades, através de seu conteúdo específico que se relaciona com as ciências sociais, as políticas de saúde, a metodologia de pesquisa e os mecanismos de transmissão das doenças. A instalação do laboratório de práticas clínicas está prevista para o próximo ano e deve contribuir para o aperfeiçoamento das técnicas do exame clínico preservando a intimidade do paciente e corroborando os princípios de Bioética. A ênfase das mudanças pedagógicas, no período final do curso de Medicina, está centrada na distribuição das atividades do internato entre os diferentes níveis do continuum da prestação de serviços de saúde, buscando cumprir a exigência do modelo de atenção vigente que propugna a máxima resolutividade em cada nível de atenção. Fazendo com que o aluno retorne aos cuidados básicos, alicerce da transformação do sistema de saúde, a proposta preserva o fluxo entre as ações básicas e especializadas na atenção à saúde. Durante o internato o aluno já desenvolve atividades mais complexas, respondendo por obrigações junto ao programa de saúde da família (cuidado de pacientes incluídos em grupo de risco ou em tratamento que deve ser acompanhado); em programa de saúde do escolar (acuidade visual, acuidade auditiva, detecção precoce de problemas de coluna e tireóide, promoção da saúde e encaminhamento de casos); vigilância do crescimento e desenvolvimento em crianças de creches; apoio ao desenvolvimento de programas e movimentos comunitários ou apoio a programas de acompanhamento de idosos, deficientes ou portadores de doenças crônicas; atendimento ambulatorial em centros de saúde (anamnese e acompanhamento de consultas); em maternidades (vigilância em neonatologia, orientação e referência); urgência (pré-consulta, encaminhamento e primeiros socorros); enfermarias (visitas, registro e orientação). Incluem-se nas atividades deste período o acompanhamento de programas já instalados e que respondem a necessidades coletivas (programas de hipertensão arterial, diabetes, hanseníase, tuberculose e outras ações que envolvem a saúde da mulher e da criança). Este período se caracteriza pela oportunidade de integração entre teoria e prática, através de situações-problema geradas pela experiência de campo e que levam a atividades periódicas de pesquisa, consultorias, discussões e adoção de novas condutas. É também a oportunidade para que o aluno seja avaliado quanto a sua atitude profissional, relação médico-paciente e o respeito às normas institucionais. Assim, ao ser introduzido nos hospitais e participar de experiências nas várias especialidades, o aluno deve ter a oportunidade para atuar nos níveis de mais alta complexidade dentro do sistema, exercitando-se no uso da mais alta tecnologia, sem perder de vista que o objeto de sua atenção é o indivíduo, que por sua vez representa e é representado pelo seu entorno ecológico. Ampliado cada vez mais em relação aos anos anteriores, o internato deve cobrir ......... horas (18 meses) do curso de graduação (.....% da carga horária total do curso). A inserção dos alunos na rede hospitalar se dá em todas as unidades das redes estadual e municipal (como já se dá atualmente) e se amplia para as unidades dos três municípios do interior que funcionam como campus avançado. O processo de avaliação, neste momento, se suporta nas sessões clínicas, que substituem os diários de campo da etapa anterior e enfatizam as questões filosóficas e posturais em observação. Percebe-se a importância das ações preparatórias que vêm sendo desenvolvidas ao longo dos últimos anos, permitindo uma transição suave do antigo para o proposto modelo pedagógico que, ademais de mudar o foco dos conteúdos curriculares, alterar a grade curricular, retirar precocemente o aluno do ambiente puramente acadêmico, centra-se em novo conceito de ensino/aprendizagem, levando o aluno a aprender/fazendo e transformando-o em sujeito de seu próprio processo de aprendizagem. Assim a horizontalização do processo de ensino & aprendizagem tenta obedecer a uma seqüência que se dá do coletivo para o individual, do social para o clínico, do sociológico para o biológico e termina por delinear uma proposta arrojada, onde se altera fundamentalmente a formação no curso médico. Este projeto de reforma curricular visa a horizontalidade dos conhecimentos, a verticalidade das disciplinas, a definição de eixos temáticos inter e transdisciplinares, integração com o sistema de saúde, vinculação com a comunidade e suporte no método científico. O projeto busca favorecer um ensino baseado na prática, com foco centrado no ato médico visando o Homem. O detalhamento da proposta respeita a transversalidade que garante a continuidade, buscando atingir o curso como um todo em forma gradual. Obedecendo a condições logísticas e a exigências do PROMED, o projeto se apresenta com previsão para três anos, modulado em períodos semestrais.
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